lunes, 4 de junio de 2007

Poemas que me van gustando...
para compartir


He vivido la hora en que el rostro impasible
se descompone en una mueca cruda:
se descubrió un instante una pena invisible.
No lo advierte el gentío que en la calle se apura.

Palabras mías, en vano negáis la mordedura
secreta, el vendaval del corazón.
La razón de quien calla es más veraz.
El canto que solloza es un canto de paz.

Eugenio Montale, Huesos de jibia.


Si pudiera decir qué, quién soy
erigir contra el tiempo una imagen
y no estos pasos, blancos de luz sobre la arena.
Pero no sé quién soy, y caminar dormido,
agrillado en sueños por la orilla,
es todo el ardid que tengo.

Walter Cassara, Máquina de trinar


Devuélveme a la noche, allí sé llorar.

Adriana Arédez, La piel del agua (frag.)


Canções
release para o disco Canções, de Péricles Cavalcanti, 1992

Uma canção não é uma letra entoada. Uma canção não é uma melodia que diz. Uma canção é algo que ocorre entre verbo e som, sem privilegiar nenhum deles. Ante uma canção de verdade, qualquer comentário crítico que separa letra e música parece patético. A canção não é um código composto pela junção de dois códigos primários, pois sua origem conjunta é anterior a essa divisão. A palavra cantada antecede a poesia falada ou escrita, a música instrumental, os frutos especializados do tempo do homem.
O amor
Folha de São Paulo, 12/06/95,
caderno Cotidiano, especial para o dia dos namorados
O amor, sem palavras. Ou. A palavra amor, sem amor. Sendo amor, ou. A palavra ou. Sem substituir nem ser substituída por. Si, a palavra si, sem ser de si gnada ou gnificada por. O amor. Entre si e o que se. Chama amor, como se. Amasse (esse pedaço de papel escrito amor). Somasse o amor ao nome amor, onde ecoa. O mar, onde some o mar onde soa. A palavra amor, sem palavras.
Arnaldo Antunes

1 comentario:

Eugenia Guevara dijo...

gracias por tu comentario, lindo el paseo por tu blog!